domingo, setembro 24, 2006

Diz-me o teu nome.

Diz-me o teu nome.

Foto de: Mega Smile - fligt 121 - algures por cima do mar das caraibas


Olhar meigo, sorriso afectivo e alegre, alma pura, olhos brilhantes, com o ar de quem veio do país dos encantos, do pais da felicidade… do país das maravilhas. Será que viajou de tão longe?!
Será?
Sorri que ele também sorri.
Os teus olhos encaminham-me para uma galáxia longínqua, apagando todo e qualquer pensamento possível.
Diz-me o teu nome menina do país das maravilhas.
Com esse mega sorriso tens que me dizer o teu nome.
Imagino que comece por um “A”…..
Com um “A” de amável.
Com um “A” de atraente.
Com um “A” de acariciadora.
Com um “A” de afectiva.
Com um “A” de alma
Com um “A” de André
Com um “A” …. Diz-me qual é o “A” que falta.
Diz-me.


Foto de: Mega Smile - Las Mercedes - Caracas - Abril 2006

quarta-feira, setembro 20, 2006

roommate

Eu não sei quem te perdeu

Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.
(Pedro Abrunhosa)

Miss you…

segunda-feira, setembro 11, 2006

the room

Coloquei a chave na fechadura, rodei-a ligeiramente, uma volta, duas, rodei a maçaneta e abri a porta. Dei um passo em frente, os meus olhos habituaram-se à escuridão, olhei… a minha volta estava tudo arrumado, tudo limpo apesar do passar do tempo. Entrei no quarto, passeei por entre os armários, pelas mesas, pelo sofá. Por todo o lado estavam arrumadas caixas, caixotes, caixinhas, ao lado da secretaria, por baixo da televisão, dentro do armário, por cima da mesa de madeira em frente ao sofá, todas devidamente identificadas com etiquetas escritas à mão. Caminhei lentamente até a uma caixa com o nome MCE, peguei cuidadosamente nela e sentei-me no chão. Abri-a lentamente como se tivesse todo o tempo do mundo… Remexi o seu interior com a ponta do dedo de modo a ver todo o seu conteúdo, enquanto fazia isto não aguentei e soltei uma gargalhada, vi tudo, todos aqueles grandes e pequenos momentos que passamos…
Os momentos de partilha e cumplicidade
as trocas de sorrisos e olhares
as garrafas de porto em longas noites sem dormir
as discussões sem fim
o lutar por causas
os amores e desamores
Senti aqueles abraços que fazem o mundo deixar de rodar, os nossos abraços…

Passeei-me pelo passado, não resisti a deixar cair algumas lágrimas… de tristeza, de alegria, de amor, de tudo e de nada…
Apreciei todas as boas recordações que guardei naquela pequena caixa. É demasiado estranho pensar que aquela caixinha já está cheia, que não vai ter mais nada dentro…
Guardei religiosamente as últimas recordações. Fechei a caixa, levantei-me e coloquei a caixinha no sitio onde pertence.

Caminhei para a porta com um sorrio triste na cara e com a cabeça na lua. Abri a porta, rodei ligeiramente sobre o pé esquerdo, olhei pela última vez para o quarto enquanto fechava a porta suavemente, rodei a chave duas voltas no sentido oposto. Retirei a chave e guardei-a no bolso das calças.
Sentei-me no chão de costas para a porta, fintei a biqueira do sapato com os olhos,
Sorri…

Obrigado por terem cheio aquela caixinha com o melhor que este mundo tem para nos oferecer e espero que continuem a ajudar a encher todas as outras caixinhas da minha vida…