sexta-feira, março 31, 2006

Materna doçura


“Ninguém sai ileso de um grande amor. Ou da falta dele. Esta é uma história sem fronteiras. E de reencontros. Os homens têm coração de mulher. Deixam-se amar em silêncio. As mulheres têm a força dos homens. São elas que mais fazem avançar a acção…”

Assim enunciava a contracapa do livro que provocou esta aventura teatral.

terça-feira, março 28, 2006

Silêncio

Sento-me na minha cama ainda desfeita. O quarto está embebido no mais profundo silencio, acalma-me os sentidos, massaja-me a alma…
Subitamente um murmúrio gélido faz arrepiar o meu corpo, um som metálico e repetitivo ganha intensidade, esta banda sonora malévola crescente apodera-se do meu quarto. Estupefacto tento perceber a fonte de tal arrepiante melodia… os sons, horríveis, monocórdicos, murmúrios, ganham intensidade, crescem exponencialmente, tornaram-se insuportáveis! Sinto-os na minha cabeça… dói-me! Uma dor insuportável, ruído, barulho, diálogos, frases soltas, gritos, imagens, mortos, mundo, vida, sangue, amigos, violência, amor, arrogância, ideias… o meu coração bate aos pulos como que se quisesse libertar-se do meu corpo em estranha queda num precipício sem fim.
Sentimentos, imagens, sons passam em flash na minha cabeça. Dói, não aguento… a minha cabeça vai rebentar!...

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhahhhhhhhhhhh
Um grito surdo sai das profundezas do meu ser, ecoa pelo quarto vazio…

Os ruídos estranhos cessaram…
Fico na expectativa, sinto novamente o silêncio do quarto, ouço o meu coração ainda a bater forte… os ruídos pararam…
Olho em volta desconfiado, está tudo no seu devido lugar, estático. Suspiro…

Do nada parece-me ouvir novamente um ruído de fundo, um fervilhar de emoções, imagens e sons assola-me novamente o cérebro … não aguento!
Sem pensar, ligo a televisão…

Os ruídos estranhos pararam…
Ouve-se apenas o som mono vindo da televisão, o quarto continua igual…


Viva o aparelho que mudou o mundo, que nos comeu o cérebro e que impede a nossa alma de falar … estamos em vias de perder a identidade que temos, ao sabor de ruídos, não nossos, mas de uma sociedade que nos molda como animais prontos para abate…

domingo, março 19, 2006

Doutores e engenheiros...

Jornalista, ensaísta e romancista, Baptista Bastos traça nas suas obras muitos quadros do quotidiano, demonstrando argúcia e perspicácia na observação que faz das diferentes matizes da vida.Num dos seus escritos conta a história do Vitinha, um rapazinho do bairro que, contrariamente à generalidade dos seus colegas de escola, feita a quarta classe, foi estudar. Apesar de tudo, embora seguissem caminhos diferentes, ele continuou a ser para os colegas, que foram para o mundo do trabalho, o Vitinha. Os colegas até tinham orgulho nele, por saberem que, graças aos estudos ele poderia singrar na vida. Nas brincadeiras próprias da idade, continuavam a tratar-se pelas alcunhas de criança e eles até o protegiam.Um dia, o Vitinha licenciou-se, abriu um escritório. Um dos colegas, sem emprego, lembrou-se de ir ter com o Vitinha, na esperança de que ele o ajudasse a encontrar uma solução. Apresentou-se à funcionária e pediu-lhe que transmitisse ao senhor doutor que estava ali fulano, utilizou o apelido por que fora conhecido da malta do bairro durante tantos anos de brincadeiras juntos. De dentro, a funcionária trouxe um pedido de desculpas do senhor doutor, dizendo que não o conhecia nem o podia receber.Esta pequena história mostra um pouco do que é a sociedade, sobretudo de quantos, alcançado um patamar na vida, se sentem acima dos outros, aproveitando por tudo e por nada para puxarem pelos galões que o canudo lhes confere. Hoje, mais do que nunca, entramos em repartições públicas e só encontramos doutores e engenheiros, gente que faz questão de assim ser tratada, mas, cujo desempenho nas funções que desempenha, não corresponde ao título, com que pomposamente faz questão de ser tratado.E aqui é que está a questão. Infelizmente, criou-se a mania do doutor apenas por uma questão de vaidade pessoal e até de prestígio social. Faz-se questão de assim ser tratado, caso contrário cai o Carmo e a Trindade.Mais do que o título académico, o importante é a forma como cada um se relaciona em sociedade, como traduz essa mais-valia em prol da actividade que desempenha e do bem comum. Aí é que se vêem os verdadeiros doutores. Quanto ao resto, não passará, como diz a canção, de uma nuvem passageira.
António Rebelo

sexta-feira, março 17, 2006

feeling blue

“This is a crazy mixed up world today
People it seems like one great curse
Things gotta get better real soon
Cause they can’t hardly get much worse”

Eddy Clearwater, Messed up world

segunda-feira, março 13, 2006

D

Foi talvez a visão mais aterradoramente engraçada que o meu pobre e embriagado cérebro me possibilitou ver. O mister D vestido de mosqueteiro de espada em riste a “voar” pelas ruas macabras da alta de Coimbra a salvar as donzelas em perigo!
Se existem pessoas que não batem bem da cabeça tu sem duvida és uma delas… mas, será que isso é mau?!!
Lol…

Parabéns!

domingo, março 12, 2006

And Death Shall Have No Dominion

And death shall have no dominion.
Dead mean naked they shall be one
With the man in the wind and the west moon;
When their bones are picked clean and the clean bones gone,
They shall have stars at elbow and foot;
Though they go mad they shall be sane,
Though they sink through the sea they shall rise again;
Though lovers be lost love shall not;
And death shall have no dominion.


And death shall have no dominion.
Under the windings of the sea
They lying long shall not die windily;
Twisting on racks when sinews give way,
Strapped to a wheel, yet they shall not break;
Faith in their hands shall snap in two,
And the unicorn evils run them through;
Split all ends up they shan't crack;
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
No more may gulls cry at their ears
Or waves break loud on the seashores;
Where blew a flower may a flower no more
Lift its head to the blows of the rain;
Through they be mad and dead as nails,
Heads of the characters hammer through daisies;
Break in the sun till the sun breaks down,
And death shall have no dominion.

Dylan Thomas


domingo, março 05, 2006

há vida inteligente (ou não) na figueira!