terça-feira, maio 23, 2006

O rapaz do chapéu




Certo dia, o rapaz caminhando com o seu chapéu de palha “ esfiapado”, depois de assistir a um concerto de rock bastante animado, em que tudo e todos os que se cruzavam com ele, encantavam-se com o chapéu….e depois com os eu dono…
Estranho, não?
Pois era, o concerto chegou ao fim, mas ele continuava lentamente, esperando pelo nascer do sol… entretanto, pelo meio de copos, gargalhadas e, muita alegria, o rapaz continuava a fazer sucesso. Entre fotos, piropos e, alguma timidez, quando menos esperava, alguém que transportava por cima dos seus ombros, um cabelo preto ondulado, brilhante e, olhos castanhos claros, “roubou-lhe” o chapéu.

A conversa começou:

- Por favor, oferece-me o chapéu.
- Então, e eu? Vou ficar sem chapéu?
- Vá lá!! Por favor, dá-me!!
- Seria mais justo se me desses algo em troca.

A conversa foi interrompida, alguém disse:

- Marta, temos que ir.

Com o rosto ligeiramente carregado, Marta, a menina que não se tinha sequer apresentado, colocou o chapéu na cabeça do seu dono, de seguida, puxou-lhe o chapéu arrastando a sua cabeça, encostou nariz a nariz, lentamente deixou descair os seus lábios, beijando-lhe a face direita, voltou a encostar o seu nariz, voltou a descair os seus lábios e, beijou-lhe a face esquerda. Olhou olhos nos olhos e disse:
Tchau Sr. Do chapéu.

Depois de tantos casos semelhantes durante a noite, eu pergunto:
De onde vinha o sucesso?
Do chapéu?
Do dono?
O que seria IMPORTANTE? O Chapéu ou o Sr. do chapéu?

A alma do dono do chapéu, ninguém a conhece…. Ele pode ser bom, ou pode ser mau…

Chapéus?... há muitos.

terça-feira, maio 16, 2006

sabe bem...

Sabe bem parar depois de tantos saltos e rodopios…
Sabe bem respirar calmamente e saborear os dias que passaram, em que a noite parecia eterna e o sono parecia não querer aparecer.
Sabe bem olhar para trás…


Concertos, cerveja, praia, sol, torradas, dança, barulho, cafés, pés dormentes, vinho, risos, cortejo, jantares, nascer do sol, guitarra, malabarismo, luzes, lágrimas…

Não consigo dormir, o meu corpo cansado pede por mais, quer voltar a viver entre o sonho e a realidade, no limite da sanidade … ainda viajo ao som de Jorge palma pela “terra dos sonhos” e não quero acordar… foi a última queima… talvez…


“Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar”

Jorge palma “ A gente vai continuar”